Ai, o academiquês
Nessa cumbuca falamos sobre vocabulário acadêmico, estrutura de projeto e o retorno dos que não foram...
Eu ia escrever essa newsletter em março, mas aí março aconteceu demais, umas águas fechando o verão, esperança de vida, etc etc. E aí era primeiro de abril, uma data que desgosto em vários sentidos (não consigo dedicar um pedaço do meu cérebro pra perceber pegadinhas e eu odeio pegadinhas contra minha pessoa, aprecio apenas coisas que claramente são mentira como produtos fakes que não funcionam), então pensei comigo mesma: ah, vou escrever em abril mesmo normal.
E cá estou.
Em abril, pra falar da cumbuca marciana.
Ao longo de março eu precisei escrever um projeto com vibes altamente acadêmicas. Nesse bimestre tivemos de realizar um monólogo em dupla: um dirigia o outro. Assim rolava a experiência de dirigir e ser dirigido. O trabalho entregue era esse relato da jornada, dos embasamentos teóricos e tudo o mais.
Eu venho da cadimia, né? Minha jornada de graduação láaaaa atrás, depois indo pro mestrado, tudo foi cadimia. E eu me afastei dessa área desde 2016 quando comecei a trabalhar mais voltada para revisão, assistência editorial e atuação (não vou fazer as contas dos anos, pois os anos estão muito estranhos e passageiros).
Só que, e aí eu chego no assunto cumbucal: nesse bimestre eu precisei de fato escrever esse relatório de projeto, todinho na abnt, com uma estrutura de projeto acadêmico, vocabulário, pacote completo.
E é terrível como a memória muscular volta rapidinho. HAHA
Liguei quase que instantaneamente uma chavinha acadêmica, veio vocabulário, veio organização de frases, veio separação de tópicos, fonte de imagem, embasamento teórico recortado pro prazo de escrita.
A abnt em si não veio tanto já que ando mais afastada de freelas ultimamente, mas abnt e revisão é pesquisar as atualizações mais recentes automaticamente (nunca se confia em si mesma no processo, sempre vale a conferência extra e a extra da extra HAHA).
E assim… eu já estou num momento da vida que posso admitir com tranquilidade que eu gosto muito desse formato de escrita acadêmico, tudo fica no lugar, eu consigo consultar outros trabalhos, saber como organizar o pensamento, o texto, indicar pra quem lê por onde começar, é um guia afinal de contas. E saber fazer isso bem é conseguir desconstruir quando necessário.
Eu gosto de metodologia científica. E gosto de ensinar isso. Sempre começa com um “confia!!! Faz sentido!!! Eu juro que é um me ajuda a te ajudar!!!” HAHA
Em outras cumbucas eu já comentei como eu aceitei o fato de que gosto de estudar: estudar coisas interessantes, como hobby, ler coisas aleatórias, caçar livros acadêmicos sobre assuntos específicos para embasar histórias curtas, a gente cava nossos próprios buracos.
Consolidar esses conhecimentos e esses processos dentro do contexto acadêmico é algo interessante, que tem uma questão até amarrada com o motivo que eu escrevo ficção também: é algo pra registrar, criar esse recorte do momento histórico, tirar de mim e pra ser lido.
Porque é isso no fim das contas, a gente estrutura tudo pra outra pessoa poder ler, pra entender muitas vezes como foi nosso processo todo (eu já disse pra algumas pessoas que minha conclusão da dissertação de mestrado teve suas considerações finais totalmente reescritas depois de reler o trabalho depois das correções), é pra tirar e registrar.
Talvez seja um prazer específico de ver as coisas no lugar? De organizar? Não sei.
Na minha escrita ficcional é completamente diferente, na minha pra dramaturgia também, talvez sejam caixinhas que precisem ser habitadas para trazer a paz pra cantinhos do cérebro. E acadêmica realmente tem uma caixinha bem grande que de vez em quando pede um revival…
E fim da nossa cumbuca marciana, fica nosso abraço abrilzístico e um abraço pra abnt e outras normativas que aquecem o coração (eu gosto de quebrar normas intencionalmente também, mas a paz de um artigo todo organizadinho… nossa, lindo).